Christian Brueckner quebra o silêncio sobre envolvimento no desaparecimento de Maddie McCann

Christian Brueckner, o cidadão alemão condenado por múltiplos abusos sexuais de menores e principal suspeito no desaparecimento de Madeleine McCann em 2007, no Algarve, quebrou finalmente o silêncio sobre o caso. Numa entrevista exclusiva concedida ao jornalista Rob Hyde, na cidade portuária de Kiel, no norte da Alemanha, Brueckner afirmou não ter qualquer relação com o desaparecimento da menina britânica de três anos, ocorrido na Praia da Luz.

Pedro Gonçalves
Outubro 13, 2025
18:23

Christian Brueckner, o cidadão alemão condenado por múltiplos abusos sexuais de menores e principal suspeito no desaparecimento de Madeleine McCann em 2007, no Algarve, quebrou finalmente o silêncio sobre o caso. Numa entrevista exclusiva concedida ao jornalista Rob Hyde, na cidade portuária de Kiel, no norte da Alemanha, Brueckner afirmou não ter qualquer relação com o desaparecimento da menina britânica de três anos, ocorrido na Praia da Luz.

Questionado diretamente se tinha raptado ou assassinado Madeleine McCann, o alemão, hoje com 48 anos, respondeu de forma categórica: “Não, claro que não.”
A entrevista foi divulgada pelo jornal britânico Daily Star e decorreu pouco depois de Brueckner ter sido libertado da prisão, onde cumpriu sete anos de pena pela violação de uma mulher norte-americana de 72 anos, em Portugal.

Atualmente, o homem encontra-se sob vigilância das autoridades alemãs, sendo monitorizado com uma pulseira eletrónica e vivendo de forma itinerante em hotéis e pensões supervisionadas pelo Estado. O Daily Star refere que Brueckner é constantemente deslocado entre diferentes localidades, por razões de segurança, e que chega a recorrer a abrigos ou pedir comida gratuita, sempre sob forte vigilância policial.

Christian Brueckner tem um extenso historial criminal que remonta a várias décadas, incluindo condenações por violação, abuso de menores, exposição indecente e posse de imagens indecorosas de crianças. As autoridades alemãs associam-no ao desaparecimento de Madeleine McCann através de um número de telefone localizado perto do resort Ocean Club, na Praia da Luz, na noite em que a menina desapareceu. Na altura, Brueckner vivia e trabalhava no Algarve, desempenhando pequenos trabalhos e envolvido em tráfico de droga e bens roubados.

O suspeito foi ainda acusado de violar a representante turística irlandesa Hazel Behan, em 2004, e de obrigar uma adolescente a atos sexuais enquanto filmava a agressão. Contudo, um tribunal de Braunschweig absolveu-o dessas acusações, após erros processuais cometidos pela investigação. O julgamento ficou envolto em polémica, com a juíza Ute Insa Engemann a ser acusada de parcialidade, tendo inclusive levantado o mandado de detenção de Brueckner durante o processo — uma decisão que os procuradores interpretaram como um sinal de absolvição antecipada.

Acusações de perseguição e “campanha para o destruir”
Na entrevista, Brueckner descreve a juíza como “extremamente justa” e afirma que o caso contra si foi “um grande espetáculo” destinado a transformá-lo num vilão público. “Criaram um fantasma e a esse fantasma deram o nome Christian Brueckner. Mas eu não sou esse homem”, declarou.

O suspeito acusa ainda os procuradores alemães Hans-Christian Wolters e o Departamento Federal de Investigação Criminal (Bundeskriminalamt – BKA) de fabricarem provas e de quererem “silenciá-lo permanentemente”. Segundo afirma, vive em constante medo de ser atacado e queixou-se de que a pulseira eletrónica “apita sem motivo” e de ser seguido pela polícia “até quando dorme na rua”.

Os seus advogados, Friedrich Fulscher e Philipp Marquardt, acusam as autoridades de violarem os direitos humanos do cliente, alegando que as restrições impostas configuram assédio policial. Ambos defendem mesmo que Brueckner deveria ser autorizado a deixar temporariamente a Alemanha para escapar ao clima de hostilidade pública.

Procuradores mantêm-no como principal suspeito
Apesar das negações, o procurador Hans-Christian Wolters, que lidera a investigação do desaparecimento de Madeleine McCann, reiterou que Christian Brueckner continua a ser o único suspeito do caso. “Temos provas sólidas que o ligam ao desaparecimento da criança”, afirmou, sem, no entanto, revelar detalhes sobre essas evidências.

A pressão sobre as autoridades alemãs aumenta à medida que o processo se arrasta e enfrenta o risco de colapsar devido à demora. De acordo com as leis alemãs, só haverá uma oportunidade para apresentar acusações formais.

Enquanto o processo judicial não avança, Brueckner permanece tecnicamente livre, embora sob vigilância constante da polícia federal. Vive de subsídios do Estado, cerca de mil euros mensais quando sem-abrigo, reduzidos para 550 euros caso tenha alojamento. Afirma sentir-se perseguido e temer pela sua vida, enquanto o caso de Madeleine McCann — desaparecida há 18 anos — continua sem solução definitiva.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.